quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Saudades do sol



Não é uma saudade do astro rei, que determina a hora em que começa o dia e a hora em que ele termina. Saudades mesmo é do sol que “ torra”, que arde, que queima a pele do branquinho desavisado.
Saudades de suar parado, de sentir tanto calor que dá preguiça de mover um só músculo.
Saudades mesmo!
Vocês não param de reclamar do calor e do verão... Eu aproveitaria, melhor que o frio contínuo por 4 (ou 5) meses!

Agora que já coloquei em verbo esse desejo solar que me persegue, vamos partir para outra coisa.

O mês de janeiro acabou sendo bem divertido. Com uns amigos brasileiros novos na área, eu ando mais animada para a bagunça. Não sei porque, a DisneyParis me deu uma carteirinha grátis por um ano. Algo que me inscrevi na internet. Acho que eles pensaram que eu tinha uma grande família e que, se me dessem a minha entrada de graça, eu pagaria pro resto. Bom, sendo assim, como uma galera estava animada a ir e eu vou de graça, fui! E foi uma delícia. A gente tem que ir pra esses lugares com gente bem animada que, aí, você vira criança outra vez. Um frio que dava medo, uma ventania. As crianças empacotadas e os pais correndo atrás.




Agora, o melhor dessas últimas semanas foi o pré carnaval. Eu fiz uma ilustração pra uma revista brasileira que circula em Paris. E é uma amiga minha que trabalha na revista. Ela conseguiu umas entradas grátis para ir no tal pré carnaval. E fomos nós, em bando pro tal samba. Foi OTEMO. Tinha até puxador de samba da mangueira. Samba mesmo, nada de pagode. E nem o frio atrapalhou. Me joguei na pixta até as 5 da manhã, quando o Max teve overdose de dança e quiz ir embora. E nada como um inverno longo pra gente, que nem gosta tanto de carnaval, virar fanático de carteirinha. Sambista desde pequena mesmo. Super legal o lugar, chama Cabaret Sauvage. Fica a dica, quando vierem a Paris, verifiquem a programação.






No final de seman passado, fomos em um dos melhores programas de domingo de Paris (essa dica é boa, anotem nos guias de viagem de vocês) 











O Baron Rouge. Um bar à vin no meio da bagunça de uma das feiras de rua mais populares da cidade. 











Muito vinho, muito queijo, frios e todo mundo na rua com copo na mão. Maior delícia. Nós improvisamos uma mesa, com uma caixa de feirante, e bebemos bastante! E rimos, e foi muito bom.












Senão, o ano  novo chinês chegou. Paris é uma cidade que tem uma grande população chinesa e vários eventos marcaram a entrada do ano do coelho. O mais engraçado e polêmico foi o desfile da PETA, contra o uso da pele de coelho. Todas as coelhinhas pouco vestidas desfilando pela cidade.Eu só vi fotos disso.

Fui conferir o desfile do bairro 13, onde vou sempre nos restaurantes asiáticos bom preço (outra dica, metrô olympiades, muitos restaurantes com preços bem camaradas) O desfile em si, foi bonito mas passou rápido. Um comerciante montou, na frente da sua loja, um tipo de corta de estalinhos (sabe aqueles de festa junina que tem um cheiro forte de pólvora) então, mas com um nível mais punk de pólvora. Quase morri sufocada com a fumaça e o cheiro da tal coisa. Tirei umas fotos legais e acabei indo com duas amigas para o parque mais próximo, tomar un vinho local sob o sol. Porque esse dia quase deu para fazer fotosíntese de tarde.





E acho que vou ficar com o ano novo chinês agora no meu calendário porque estou curtindo as vibrações desde então. Tirei umas notas corretas no mestrado, meu calendário agora é muito mais tranquilo, não vou mais ter aula com o psicopata que tinha o semestre passado (nunca mencionei o tal sujeito antes porque me dá pânico só de gastar pensamento com ele – e nada de nomes)

Além disso, eu tomei umas decisões práticas necessárias ao meu bom funcionamento... Meu contrato no teatro termina em março e, como eles não conseguiam decidir se eu ficava até maio, não, até junho, não, julho... aliás, maio. Eu decidi que fim de março está lindo e vamos fazer coutra coisa pessoal! Vou ficar em casa escrevendo meu trabalho final de mestrado e já arrumei uma outra coisa para fazer no verão.

Ai delícia essa palavra, VERÃO!

Verão e veremos o que vai acontecer. Não ando esquentando muito a cabeça não. Aliás, ando mansa até demais. Foi bom eu ter tomado essa decisão porque aí a gente coloca as possibilidades em perspectiva. E eu amo as possibilidades, elas são tantas... O que não dá é para fazer é se acomodar!

Eu até voltei a pintar, porque meu eu artista estava hibernando, mas acordou, e ainda bem porque estava fazendo falta. E isso porque o inverno ainda nem acabou, imagina só quando começar a fazer calor, foi ficar na pilha!

Amanhã vou fazer minha pausa invernal da França. Todo mês de fevereiro, eu faço uma viagem, em direção ao sul, para ter uma ilusão de que o inverno acabou. Para mudar de ares, de Paris, dos parisienses mais. Então, eu e chéri vamos para a cidade eterna...Roma! Comer pizza al taglio, ver as fontes de Bernini e visitar o Bento.
Conto tudinho no próximo post.

Beijos, além do sol,  saudades de vocês também!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Quem é vivo, acaba dando notícias!



 
Hello hello a todos, quanto tempo não escrevo neste blog semi abandonado!
Não foi falta de tempo, nem falta de notícias... foi simplesmente o fim do ano que chegou, bem depressa e com ele, muitos eventos, muitas coisas para fazer e o frio!
Sim, o frio é imbatível, incansável e duradouro.

Já faz mais de dois anos que estou aqui, este é meu tercero inverno europeu e confesso que meu DNA brasileiro não foi feito para isso.

Minha passagem pelo Brasil em novembro foi só alegria. Belo Horizonte, rapidinho, somente para dar oi às montanhas e ver os queridos que o tempo permitiu. Depois, aquela Bahia linda, calorenta e cheia de cores e de sabores, que me fez um bem enorme! Casamento de dois queridos, com tantos outros queridos por perto, é felicidade demais! Mas durou pouco e acabou!

O retorno à França foi meio choque, meio nada vai, total choque!
Parti de Salvador com a temperatura de 35° deliciosa e cheguei em Orly no negativo, -2°. Que absurdo! Fora que o jantar da TAP não concordou com meu estômago e, na minha escala em Lisboa, acabei na salinha da Cruz Vermelha, tomando Dramim e soro caseiro! Vou te contar, que retorno.

Cheguei no movimento total. Os pais do amor hospedados na minha casinha, o trabalho que recomeçava no dia seguinte, as aulas, os trabalhos de fim de semestre, preparativos para o Natal, o frio.... AH O FRIO, lá vem ele outra vez....Ninguém merece!

Só que o frio esse ano veio diferente, veio com muita neve, coisa que em Paris não é muito normal não. E é a única coisa do frio que eu gosto: a neve! Quando neva, acontece algo de mágico, de diferente... A neve acalma. Parece que todo o branco que vem com ela acalma aqueles que andam nas ruas e avenidas da cidade! A neve compensa o frio... quando neva, até vale a pena sentir frio!

Do lado da minha casa, no grande bosque de Vincennes, eu andei por muitas horas na grama coberta de neve. Vi os pássaros tentando quebrar o gelo do lago Saint Mandé para uma pescaria invernal e crianças enlouquecidas fazendo bonecos de neve. Um dia, lá pelas onze da noite, eu e meu chéri fomos fazer uma sessão noturna de esqui bunda! Ai que delícia! Um saco de lixo, um bom par de luvas e morro abaixo na neve. Sentir frio, nessa hora, vale a pena.



Mas Fora as crianças, eu e os turistas, os parisienses não curtiram tanto assim não. Foi um caos... nada de ônibus, os trens que ligam a capital ao subúrbio ficaram lentos... por consequência, o metrô lotou! Carros atolados, aeroportos semi fechados e hotéis lotados. Eu só fiquei pensando como o povo do Canadá funciona? Como na Suécia, em Boston etc, onde há sempre neve, todo mundo funciona direitinho e em Paris, é uma crise total!

deco de natal da galeria lafayette
Eu passei perto de sofrer as conseguências desse frio nevado. Normalmente, eu pegaria um vôo, dia 24 de dezembro cedo, para ir ao sudoeste francês, para o natal com a família do chéri. Mas não sei porque, não estava com boa intuição. A neve deveria parar, normalmente, nada de neve no natal, mas quando não.... quadro dias sem parar! Num impulso, eu comprei uma passagem de trem de última hora, com um preço não tão absurdo e viajei pelos trilhos um dia antes. Foi a minha sorte, porque nenhum vôo de Paris aterrisou em Pau no dia 24 de dezembro... e eu quase passei natal sola na cidade luz! Credo!

Pau foi uma pausa na minha rotina invernal! Primeiro que là faz, em geral, 8 graus a mais que Paris, quase um verão! E que você olha para o lado, tem uma montanha coberta de neve. Você olha para o outro lado e tem outra. Que paz!
Fora a paz, tivemos os vários encontros gastronômicos. Não são refeições, são delírios do estômago... experiências mágicas do paladar! Sem exagero.

Sexta, 24/12: jantar na casa da minha cunhada.
Aperitivo:  Vinho branco ou champagne ( coca cola para chéri, que não bebu e portanto, dirigiu) acompanhados de salmão defumado, blinis e ovas de peixe.
Entrada: Fois gras com ão de mel e espéciarias, et outros canapés... aiii, até comi o fois gras desta vez e estava gostoso!
Prato: Peru assado, cogumelos da estação grelhados, batatas coradas, molho de ervas e muito vinho tinto!
Queijo e salada... é minha gente, a salada vem depois do prato, com queijos e mais vinho.
Sobremesa: Trufas feitas em casa, a tradição francesa, buche de noel, aquele sorvete em forma de tronco... chocolate, café, mais vinho, digestivo, amigo oculto, outro café, mais um vinho? Claro!
a belle familia                                                               chéri que prepara o jantar...hahahahaha



Sábado, na casa da sogra. ( que possui um restaurante e cozinha bem bem bem)
Aperitivo: vou deixar vocês verem as fotos

Entrada: frutos do mar ao molho de vinho branco e seu pequeno folhado.
Prato: Filet assado, com batatinhas delfinas, aspargos enrolados com uma fina fatia de bacon et o molho...hum o molho.
Queijos e salada ( provenientes do produtor local maravilhoso que você quer como fornecedor direto...) mais vinho
Sobremesa: Café gourmet! Um sorbet de maça verde, acompanhado de um biscoito amanteigado e de macarrooooonnns. Ai, nem sei o que dizer!


Depois disso, nada consegue explicar o estado de sonolência de todo seu corpo e o pior, sem a menor dor na consciência!

Domingão, para queimar um pouco do abuso, fomos esquiar, em uma pequena estação de esqui pertinho de uma cidade que se chama Laruns. Eu estive em Laruns logo quando cheguei em Pau, em 2008. Foi minha primeira visita no país basco e adorei voltar. Na primeira vez, fui na festa do queijo de leite de ovelha. MARA.......... e desse vez, esqui!

Confesso que fiquei meio com medo! Não sou péssima não mas bem iniciante. Tudo deu certo, aos poucos perdi o medo e nem caí... até perder o medo demais... Bom, numa decidinha assim rápida, eu resolvi ir com tudo, e me joguei... até aí, tudo bem. Aré o senhor e o filho adolescente decidirem freiar na minha frente e sem olhar pra trás. O lance é que eu sei freiar, mas cpreciso de uma margem de alguns metros e não foi o caso... Foi um strike total. Eu fui pra um lado, eles pra outro, os esquis voaram, os óculos também... Que beleza! Demorei uns 30 segundos pra levatar porque tinha certeza que tinha quebrado alguma coisa, batido a cabeça...mas não, foi feio mas saímos todos vivos e bem do acidente! E claro né, o senhor que trabalha na cabine logo em frente teve que fazer uma piadinha, e eu ri né, fazer o quê?
Só para terminar as loucuras gratronômicas, eu fiz um risotto delícia na noite de domingo e segunda ficamos por conta de descansar... Esqui destroi!


De volta em Paris, o trabalho voltou e o ano novo foi bem light. Jantarzinho em casa, moqueca de lagosta com meu dendê bahiano e um bom vinho.

Janeiro já esta quase acabando e eu nem vi passar. Aqui em Paris, o frio voltou de vez, sem neve, menos divertido. Mas aproveitei para ver uns amigos, que na época do natal estavam no vortex das comemorações e , portanto, inacessíveis e aproveitamos um pouco dos soldes, a grande promoção bi anual de todo o comércio francês. Como compra esse povo!
Agora vai começar a temporada último semestre do mestrado.... e nem quero pensar nas horas na frente do meu pc. Prefiro escrever neste blog, mais livre, mais feliz!

Espero que vocês estejam todos bem aí no Brasil e que essa chuvada toda não tenha atingido os queridos de vocês. Acompanhei tudo muito alarmada e triste com a impotência do ser humano diante da natureza, da pobreza e da falta de organização do nosso país.

Dêem notícias, mesmo que seja como eu, de vez em quando!

Beisous de Paris

domingo, 24 de outubro de 2010

personagens parisienses 1


gêmeas de Saint Mandé
Aqui na minha micro cidade tem uma dupla idêntica de velhinhas que andam vestidas com roupas iguais e tudo combinando. Elas são fofas e estavm bem em frente à minha janela, em frente de prédios gêmeos





A MULHER GORRO DO METRÔ



A DRAG QUEEN DO CARNAVAL

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Passeando no bosque,enquanto o inverno não vem!

   As semanas passaram e eu nem vi.
   Muita coisa acontecendo aqui nesses primeiros dias de outono.
   Sim, o outono chegou e tudo muda. Muito engraçado.
   A primeira mudança que observo não é na natureza, e sim nas pessoas. Mudou a estação, mudamos as roupas. Sim, o vento é mais fresco nos primeiros dias de outono  mas, os bons parisienses, na verdade AS parisienses, mal podem esperar para vestir na nova coleção de outono que elas compraram nas melhores butiques da cidade. Que tédio esse ano, tudo muito marron, preto e suas devidas variações. Também está na moda aquela pele de carneiro crua. E é a volta das capas. Hoje, morri de rir no metro, uma moça vareta com sua mega capa gola de carneiro e um coque, de costas, era um gorro perfeito. Conseguem ver? Prometo um desenho, rapidinho!
   Além do guarda roupa, tem a mudança de atitude. Porque agora o fazer nada nos parques, o pique nique na grama e o café na “terrase” não combina. O bar de vinhos bomba mais. Começou a temporada das grandes exposições de arte e das feiras. Um lugar fechado é mais apropriado. Ainda não fui ver nada, mesmo se já tenho uma lista boa de visitas a fazer.

   Mas voltando ao fim do verão....
   Um final de semana desses, eu quase achei que estava no Brasil. Olhando uns sites no trabalho, me deparo com uma notícia: Lavagem da Madeleine, este domingo, não percam!
   Ok, como assim?
   Tem um músico brasuca que mora por aqui que faz uma lavagem da igreja da Madeleine, baseado na lavagem do senhor do bonfim. Então tá, domingo, vamos. E fui, com o gato, e uns amigos. Chegando no local de saída da tal lavagem, já gostei. Uma senhora vendendo pastel, empadinha de camarão e pão de queijo. Na frente do Palais Royal. Uma cena! 

   
   
   Mais adiante, umas baianas, vestidas de baianas, um grupo de batucada e... um trio elétrico!  Bom,  meus queridos que me conhecem sabem que não é a minha demais essa coisa de música da Bahia, mas... eu bem que gostei! Fui atrás do trio elétrico que nem pipoca, pulei e dancei e me diverti pacas.
   No final, bem na frente da igreja neo clássica com suas colunas de inspiração grega, o padre francês me reza o pai nosso. Em seguida um brasileiro faz o mesmo em português, E ERRA! Que mico! E em seguida, um pai de santo muito gay, faz o mesmo em um dialeto que desconheço. Eu tive direito até uma rosada de água benta na cabeça. E vamo que vamo que quando na chuva, não existe outra opção, tem que molhar.



   Alguns dias depois eu tive mais um gostinho do Brasil. Otávio Campos, vulgo marava, veio para Paris com sua tia Regina, querida, e eu A.D.O.R.E.I.
   Nos primeiros dias deles aqui, como estava trabalhando, só pude vê-los de noite. De cara, o programa já foi fino, fomos no Kong. Um restaurante bem fashion, concebido por Laurent Taïeb e Philippe Starck. Lindo de morrer, bem parisiense fashion.



   Eu amei encontrar com meu querido amigo e tomar um cocktail lindo e jantar bem fina. Morri de rir das garçonetes tristes em seus saltos agulha bem altos e suas caras de dois de paus.
   A comida é boa, mas se vocês desejam dar um pulinho no Kong e curtir a vista e o lugar, eu recomendo ir  AO BAR; Tomar um bom cocktail, com os amigos, e ir jantar em uma brasserie  nas redondezas.
O Kong fica na beira da Pont Neuf, metrô Pont Neuf.
http://www.kong.fr/



   No dia seguinte foi isso que fizemos, fomos dar uma volta e jantar em um restaurante simples e delícia da capital, com um precinho bacana. Chama Le Gai Moulin, pertinho do Pompidou. O bom desse lugar é que ele serve o jantar até tarde, coisa que não é regra em todos os restaurantes da capital. Fica a dica

   Meu amigo querido partiu para a Itália e uma outra queridona chegou, Isabela. Como ela estava  com a agenda cheia, consegui encontrar com ela depois do trabalho um dia, no almoço em outro e assim matei um pouco as saudades dos nossos papos.  No domingo que ela ia embora, fomos almoçar em uma rua cheia de restaurantes, bem atrás do Chatelet e do Halles.
Chama rua Montorgueil. Tem um tanto de bar, restaurante, padaria, confeitaria, uma diversão.
Vale a pena.

   E teve a Nuit Blanche. Ai que bom!
   A Nuit Blanche é um grande evento de arte contemporânea que acontece em Paris uma vez por ano, no primeiro final de semana de outubro.
   Várias obras de arte contemporânes, em geral, de grande, GRANDE MESMO, formato e muitas vezes iluminadas são instaladas em lugares insólitos da cidade por uma noite. O s visitantes tem acesso a obra somente naquela noite de sábado, entre 19h e 7h. Tem um percurso organizado e o metrô funciona a madrugada toda. Feito para passar a noite em branco, como o nome diz, vendo arte, lugares e pessoas.
   Este ano, eu passei a seleção para trabalhar com a mediação cultural do evento.
   Tivemos vários encontros e treinamentos. Eu trabalhei no jardim do museu Galiera, o museu da moda. O artista que expôs lá foi win evans. Um grande lustre murano que piscava em código morse um texto de Geosge Bataille. Medição bem complicada, mas delicosa. Adorei o trabalho. Fiquei toda feliz que eles me colocaram de “mediadora” referência do lugar. Adorei.



   Depois, quando meu trabalho acabou, as 2 da manhã, fui visitar algumas obras e cheguei em casa depois das cinco da matina. Uma noite bem em branco mesmo.


   E depois teve o retorno de Otávio e eu passei mais dois dias como turista, claro, quando não estava no trabalho. Nós dançamos na rua, tomamos uma cerveja no café da Amelie Poulin, andamos pra cima e para baixo. Adoro, me diverti muito, mas fiquei exausta... porque essa vida de turista cansa, custa caro e quando ainda tem o trabalho, a casa e o resto todo para fazer...UFA!





   O trabalho no teatro está legal. Um entra e sai de gente, críticas boas, ruins, atores estrelas, colegas legais, parisienses: de um tudo. De vez em quando rola um convite de graça para um outro teatro e esses dias fui ver o espetáculo STOMP; Adorei, uma super energia, um som legal, saí de lá bem contente.

   Comprei uma câmera nova, com umas objetivas legais e pretendo tirar muitas fotos daqui pra frente. E estou querendo colocar uns desenhos neste blog também. Acho que vou começar com a mulher gorro que eu vi hoje, risos.

   No mais, as mudanças do outono começaram a afetar a natureza. O fim de semana que passou foi o último dia de pseudo calor que tivemos.  Agora a temperatura caiu mesmo; já tirei os casacos do armário e as botas também.
   Eu e o gato fomos fazer um pique nique no Chateau de Vincennes, do lado da minha casa e depois fomos passear no bosque, enquanto o inverno não vem!


quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Muito trabalho pra pouca Paris

Bonjour Bonjour a todos os queridos.

O tempo passa, o tempo voa e a vida parisiense continua numa boa, dentro do possível.
            As duas semanas que passaram foram bem intensas. Tempo contado na ponta do lápis, o corpo que quase não aguenta tanta coisa para fazer.
            Após minha demissão no restaurante, que ocorreu até tranquilamente (para minha surpresa, achei que a dona ia ficar uma fera) eu comecei a trabalhar no teatro. O problema é que aviso prévio tem que ser feito aqui e eu tive que acumular as duas funções durante duas semanas. Funcionava assim: Acordava as 8, saia de casa às 9 pra começar a trabalhar às 10, no teatro. Almoçava por lá mesmo e, às 17h saía para ir pro restaurante, onde começava a trabalhar às 17h30, até por volta de meia noite e meia. Chegava em casa uma da manhã, ducha, cama e recomeçamos amanhã, tudo outra vez.
            Só pra deixar claro aqui:  que ninguém merece essa vida. Me lancei na vitamina C todo dia de manhã e muito chá verde pra fortalecer o corpo e não ficar doente. Mas agora já passou. Aviso prévio feito, me resta apenas um trabalho. Ufa!
            O trabalho no teatro não é nada de muito complicado não, recepção e tudo que vai junto. Tem dias que tem muita coisa para fazer e tem dias que posso escrever meu post do blog, como hoje, por exemplo. Mas o clima é legal, cultural, tenho algumas vantagens legais: teatro grátis, carteira de trabalhador cultural (que dá direito a entrar em museus de graça e com fura fila). E vamos combinar, tenho vida própria que não trabalho toda sexta e sábado a noite.
            Falando de sábado a noite, no final de semana, entre as duas semanas de trabalho escravo, eu tinha um casamento para ir em Bayonne. Bayonne é uma cidade bem legal do pays basco francês que fica perto de Pau, onde eu morava em 2008. Era o casamento de um amigão do meu francês favorito e não tinha como não ir. Mas eu estava naquele esquema super trabalho então foi complicado o esquema.
            Saí do restaurante, sexta a noite por volta de uma da manhã. Fui para casa, tomei banho, dormi... até as 5h porque tinha que sair de casa as 5h30 pra pegar meu trem as 7 da manhã. Como um zumbi né. No trem, até que eu dormi bem, estava lotado, não deu pra colocar as pernas pro alto mas acho que estava tão exausta que o corpo nem se importou.
            Max tinha ido um dia antes, para passar um tempo com seus pais e amigos e foi me buscar na estação de trem. Como a festa era em Bayonne, ficamos em um hotel baratinho perto. Da estação  fui direto para a cama do hotel, cochilei uma hora e estava tão cansada, mas tão cansada que foi duro levantar. 
           “Vamo que vamo”, ducha fria, vestido e maquiagem e uma mega, super grande lata de redbull pra conseguir levantar.
            Fomos para o casamento. Agora, casamanto francês é uma outra história, bem diferente do brasileiro, bem mesmo. Vou tentar explicar...
            Bom, francês faz tudo de uma vez, o casamento civil e o religioso. O casamento civil é na prefeitura e é o prefeito que casa os noivos. No caso do casamento que eu fui, foi até prático porque a igreja é em frente da prefeitura então, ninguém precisa  "zanzar" de um lado para o outro. Mas imagino que aconteça muito. 
           Só que acontece um problema de logística, não cabe todo mundo na prefeitura. Então alguns convidados vão ao casamento na prefeitura e os outros ficam na escada, na porta esperando. Meu caso e não me importei muito.
            O que eu achei meio sem graça é que como o casamento na prefeitura acontece antes, o noivo e a noiva se vêem antes também, na verdade acho que neste dia eles vieram no mesmo carro. Qual é a graça de colocar um vestidão branco e passar horas no salão se não tem efeito surpresa? Não tem, é assim na França, disse meu francês favorito. Muito sem graça!
            Depois, vai todo mundo a pé para a igreja, outra vez, o noivo e a noiva vão juntos, forma-se a fila na porta e todo mundo entra junto. Casamento em igreja é tudo a mesma coisa, lonnnngo. Gostei do canto basco que teve na cerimônia e o padre era um tanto quanto engraçado. Mas, lonnnnngo.
            Agora, o pior vem depois. Bom, na França os casamentos não são tão enormes como no Brasil. Quando há 90, 100 pessoas já é um casamento mega...então, era o caso, umas 90 pessoas. E tem a tradição da foto do grupo. Todos juntos na foto. (Imagina isso no Brasil)
E para isso, o fotógrafo monta um tipo de arquibancada desdobrável e com a cara nada sólida e manda todo mundo subir. E acabei no quarto andar morta de medo de cair. E durou 15 minutos a tal foto de grupo. Quando o fotógrafo dizia: “ meu senho de azul, abre o olho”... “minha senhora de amarelo, você não sorriu”...queria morrer, porque meu salto 10 não foi feito para arquibancadas meio suspeitas. Bom, a foto do grupo foi feita e depois, pobres noivos, foram mais 45 minutos de fotos para eles. Como alguém sorri por mais de uma hora, com convicção eu não sei.
            Depois disso, fomos todos a um Auberge. É um tipo de espaço-restaurante, com um jardim, um lago, legal mesmo. Começa uma apéro, alcool e aperitivos. Hummm, mais um redbull para mim... para segurar a onda da exaustão.

            Depois, vem o jantar. Isso eles sabem fazer os franceses, tenho que admitir, eles sabem comer hein. Festa, animação, eles não são profissionais  não, mas comer, eles sabem.

           


Jantar impecável. Entrada, prato, outro prato, salada e queijo e sobremesa. Vinho um, dois e champagne. Adorei uma coisa, aqui na França não tem bolo de casamento, é uma pièce monté. pode ser feita de profiteroles ou de macarons, hummm, bom hein, e bem lindo. 
Entre um prato e o outro, tinha um cara que era o animador da festa ... ele que cantava, colocava umas músicas, um horror. Diz que é assim na França, eu achei hilário. 



            Mas deu uma certa hora, entre o prato um e o prato dois, a fatiga corporal e mental me pegou e eu não tinha mais nenhuma latinha de redbull. Depois do jantar, começa o baile. Risos. Aí que eu não concordo, como pode todo mundo dançar depois de comer e beber tanto? Por volta das duas da manhã, eu já acordada a quase 24 horas, fui para meu hotel com meu chéri. 

            Foi divertido, mas longo. Prefiro os casamentos no Brasil, a gente sabe festejar bem mais. 


         



   No dia seguinte, aproveitando que estávamos em Bayonne, na ponta da Espanha, cruzamos a fronteira e fomos até Hondaribia. Cidadezinha pequena da costa basca espanhola. Lindinha. 








            
               E como um banho de mar acaba com qualquer problema, me joguei nas ondas e nadei demais....que delícia. Domingo de noite fomos jantar com os pais e a irmã do Max, bem bom, um vinho ótimo, comida maravilha, tudo de bom. 

Hondaribia, pais basco espanhol


           Segunda eu fiquei deitada o dia todo, até a hora de ir para o aeroporto, pegar meu vôo para Paris. E quando não, tempestade, vôo anulado. 
           Terror. Imagina, uma semana depois de começar a trabalhar no teatro, eu não chego na terça de manhã. Um certo pânico e então pensei, vou de trem de manhã, chego um pouco atrasada mas... não, nao chego nada. Greve geral na França. Greve contra as mudanças na aposentadoria francesa. Greve total, nada de avião, nada de trem, nada de nada, ninguém trabalha, apenas as lojas e estabelecimentos ligados à comida, que francês faz greve mas almoça na brasserie do mesmo modo. 
            Enfim, dormimos na casa da irmã do Max, e ficamos em Pau na terça, indo até a estação de trem a cada duas horas até que nos informaram que um único trem saía as 17 horas e então foi nesse que eu viajei. Lotado, parando em cada cidade pelo caminho mas...
Cheguei!
            Na quarta, com os papéis de anulação e greve em mãos, fui ao teatro e trabalhei, fui ao restaurante e trabalhei, e foi assim o resto da semana. Sábado passado foi meu último dia no restaurante e, mesmo se fica um clima de etapa cumprida, e que, o salário très bon do restaurante vai fazer falta, tem horas que menos grana e mais conforto é bem melhor.
            Não tenho dicas de Paris essa semana, porque fora o metrô e meus dois trabalhos não pude fazer muita coisa. Mas se alguém for ao país basco espanhol, Hondaribia é uma delícia e vale a pena visitar.
           
Boa semana para todos. Beijos nos queridos.

p.s. não vou colocar muitas fotos nesse blog não, algumas apenas, mas especialmente para minha mãe, que me pediu, te mando um link para você ver tudo.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Verão em Paris, sem praia nem tempo...mas com casa nova.

Eu escrevia os outros blogs, de Pau e de Paris para manter os queridos informados das novidades. Mas acontece que esses posts servem também de memória para mim, e estava com uma certa saudade de escrever pelo simples prazer de escrever, então, vou recomeçar. Até porque senão perco o hábito.

Faz mais de um ano que estou morando em Paris e a novidade não para nunca.

Desde o meu retorno do Brasil, final de junho, não parei, não dei notícias e não escrevi nenhum e-mail para ninguém, fora os muitos parabéns do mês de agosto.
Então, muita coisa aconteceu. 

Primeira grande mudança: casa nova. E que mudança.
Foram dois meses de visitas de apartamento em Paris e nas Banlieues  próximas. Banlieue é o que está colado em Paris, mas não é Paris. Tem as ótimas e as mais ou menos. Encontrar um ap em Paris é uma missão, um trabalho em tempo quase integral e tenho que confessar que não quero passar por esta, outra vez, tão cedo na minha vida. Credo. Entre as visitas de apartamentos feios e sujos, no quinto andar sem elevador, em ruas estranhas e as visitas de apartamentos legais, caríssimos e que outras 40 pessoas querem, encontramos nossa alegria em Saint Mandé, coladinha em Paris, duas estações de metrô de onde eu morava antes. Delícia. 





A mudança em si, foi outra história. Muitas caixas, muitaaaaas caixas, muita coisa foi para o lixo e e as malas. Eu não lembrava que tinha tanto livro e tanto sapato. AFFF.
Fora as malas e etc, nós precisávamos de móveis. E neste caso, uma visita a IKEA foi indispensável. É de enlouquecer. Durantes os SOLDES (promoção de verão) então da vontade de comprar tudo. Mesmo se agora minha casa tem quarto e sala, grande luxo, tive que me segurar. Risos. Mas os móveis foram comprados, entregues e montados por nós. A casa ficou lindinha, e parece que eu moro aqui desde sempre. 







Na rua adjacente a minha tem um quatro padarias, um açougue fino, uma loja de temperinhos, uma outra de perfumes e um restaurante japonês, fora as quatro floriculturas e as lojinhas caras de um tudo. Na rua de depois, tem a piscina, o parque que se liga ao bosque de Vincennes, Banlieue visinha e ao castelo desta... Fino. Todo domingo tem marché, mercado na rua que vende de um tudo e anima a cidade até a hora do almoço. Depois todo mundo some e imagina-se que os almoços estão acontecendo nas varandas.


lago de Saint Mandé, do lado de casa

As varandas e terraços no verão são importantíssimos. Restaurante com vista para o sol é garantia de sucesso. Viva o esporte nacinal preferido dos franceses: O café. Não pratiquei o tanto que gostaria este esporte neste verão mas ainda está em tempo. O frio ameaça, mas ainda não chegou.

Quanto ao tempo, depois da mudança tive uma semana atoa que muito me agradou. Revi alguns amigos e arrumei os pensamentos. Mas logo em seguida, comecei a trabalhar em um restaurante argentino em pleno quartier latin, Na esquina quase do boulevard Saint Germain.
Para encurtar uma longa história: trabalhar em um restaurante em Paris tem as seguintes vantagens:
1-      Paga-se muito bem
2-     Você janta de graça todos os dias.
3-     Você tem uma gorgeta bacana toda noite e gasta isso sem muito complexo.
4-     Você trabalha de noite, então,  em tese, aproveita o seu dia.

El Palenque, o restaurante

Mas tem grandes desvantagens também. O desafia mental é limitado. Os clientes as vezes são beeemmm franceses, e por consequência, bemmmm chatos. O meu chefe é bipolar, então nos dias de nervo, melhor que a casa esteja cheia, assim não dá tempo de conversar. Eu já estava de saco cheio. Fora que aproveitar o dia estava ficando difícil porque eu acordo ao meio dia. Então....
Arrumei outro trabalho. Num teatro. Nada de muito glamour não. Vou ser o quebra galho, secretária etc... Já é uma evolução, tenho uma mesa e um pc, trabalho sentada e o ambiente é super legal. O único problema é que tenho que dar o aviso prévio no restaurante, então, durante dez dias, vou trabalhar como uma louca nos dois, mas... é assim, em Paris, o verão acaba e o tempo acaba com ele. Vai recomeçar a correria de sempre. E como os dias ficam mais curtos também, a sensação de falta de tempo aumenta. Mas, tá bom também.

Paris Dicas:

Eu fiz algumas descobertas sobre Paris esse verão. O ano passado não reparei tanto porque tudo era novidade mas esse ano me dei conta que Paris em julho-agosto tem de tudo, menos os parisienses. Todo mundo sai de férias, e a cidade fica vazia de parisienses. É LINDO! Muitas lojas fecham, restaurantes também, mas tem tantos que nem faz falta. LINDO! Venham para Paris em julho e agosto!

Outra coisa, descobri o local para realmente aproveitar o SOLDES, promoção de verão. É um shopping outlet em uma banlieue um pouco longe mas que tem quase todas as super marcas do tipo Valentino, Dior, D&G etc... tem também outras menos finas, mas alto nível. Tudo com desconto, e no solde, mais desconto ainda. Chama La valée village, e descendo na estação do trem, tem um motorista que leva e traz as pessoas do outlet. Fino, mesmo. http://www.lavalleevillage.com/fr_FR/cat/women

A Fauchon, confeitaria fetiche de Paris, lançou este verão um eclair, uma bomba, arco íris e recomendo a todos ir tomar um café por lá; É carinho, mas em um dia de moral baixa, comer uma bomba multiolorida, em um decor lindo e de frente para Madeleine merece os euros a mais. http://www.fauchon.com/fr/fr/notre-actualite/animation/juin-2010/eclair-rainbow.html#/notre-actualite/animation/juin-2010/eclair-rainbow


Quanto ao bar do verão, ainda nao descobri um melhor que uma visita ao mercado aligre no domingo e o Baron Rouge, bar de vinhos que tem ao lado. Uma cervejinha gelada depois de ter comprado as frutas deliciosas do verão ( cerejas, melão rosa, mirabelas, framboesa etc), não tem preço.


Mas meu programa favorito do verão é o pique nique. Na île Saint Louis, em um dos muitos parques ( Buttes chaumont é top) dá de dez em qualquer restaurante estrelado. Mas se for fazer um programa em restaurante, a nova moda do verão parisiense é o brunch de domingo no bairro Marais. Tem de todos os preços e gostos.

pique nique no jardim promenade plantée


Ontem, fui com o amor e dois amigos queridos a um restaurante brasileiro pela primeira vez, aqui em Paris. Cham Corcovado. Como estava friozinho, nod deleitamos com mandioca e feijoada, risos, super light. Mas uma delicia.



No mais, este fim de verão vai voar, vou fazer uma “escapada” ao sul semana que vem, perto de Pau e depois vai ser aquela preparação para a volta as aulas.

Beijos para todos