quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Muito trabalho pra pouca Paris

Bonjour Bonjour a todos os queridos.

O tempo passa, o tempo voa e a vida parisiense continua numa boa, dentro do possível.
            As duas semanas que passaram foram bem intensas. Tempo contado na ponta do lápis, o corpo que quase não aguenta tanta coisa para fazer.
            Após minha demissão no restaurante, que ocorreu até tranquilamente (para minha surpresa, achei que a dona ia ficar uma fera) eu comecei a trabalhar no teatro. O problema é que aviso prévio tem que ser feito aqui e eu tive que acumular as duas funções durante duas semanas. Funcionava assim: Acordava as 8, saia de casa às 9 pra começar a trabalhar às 10, no teatro. Almoçava por lá mesmo e, às 17h saía para ir pro restaurante, onde começava a trabalhar às 17h30, até por volta de meia noite e meia. Chegava em casa uma da manhã, ducha, cama e recomeçamos amanhã, tudo outra vez.
            Só pra deixar claro aqui:  que ninguém merece essa vida. Me lancei na vitamina C todo dia de manhã e muito chá verde pra fortalecer o corpo e não ficar doente. Mas agora já passou. Aviso prévio feito, me resta apenas um trabalho. Ufa!
            O trabalho no teatro não é nada de muito complicado não, recepção e tudo que vai junto. Tem dias que tem muita coisa para fazer e tem dias que posso escrever meu post do blog, como hoje, por exemplo. Mas o clima é legal, cultural, tenho algumas vantagens legais: teatro grátis, carteira de trabalhador cultural (que dá direito a entrar em museus de graça e com fura fila). E vamos combinar, tenho vida própria que não trabalho toda sexta e sábado a noite.
            Falando de sábado a noite, no final de semana, entre as duas semanas de trabalho escravo, eu tinha um casamento para ir em Bayonne. Bayonne é uma cidade bem legal do pays basco francês que fica perto de Pau, onde eu morava em 2008. Era o casamento de um amigão do meu francês favorito e não tinha como não ir. Mas eu estava naquele esquema super trabalho então foi complicado o esquema.
            Saí do restaurante, sexta a noite por volta de uma da manhã. Fui para casa, tomei banho, dormi... até as 5h porque tinha que sair de casa as 5h30 pra pegar meu trem as 7 da manhã. Como um zumbi né. No trem, até que eu dormi bem, estava lotado, não deu pra colocar as pernas pro alto mas acho que estava tão exausta que o corpo nem se importou.
            Max tinha ido um dia antes, para passar um tempo com seus pais e amigos e foi me buscar na estação de trem. Como a festa era em Bayonne, ficamos em um hotel baratinho perto. Da estação  fui direto para a cama do hotel, cochilei uma hora e estava tão cansada, mas tão cansada que foi duro levantar. 
           “Vamo que vamo”, ducha fria, vestido e maquiagem e uma mega, super grande lata de redbull pra conseguir levantar.
            Fomos para o casamento. Agora, casamanto francês é uma outra história, bem diferente do brasileiro, bem mesmo. Vou tentar explicar...
            Bom, francês faz tudo de uma vez, o casamento civil e o religioso. O casamento civil é na prefeitura e é o prefeito que casa os noivos. No caso do casamento que eu fui, foi até prático porque a igreja é em frente da prefeitura então, ninguém precisa  "zanzar" de um lado para o outro. Mas imagino que aconteça muito. 
           Só que acontece um problema de logística, não cabe todo mundo na prefeitura. Então alguns convidados vão ao casamento na prefeitura e os outros ficam na escada, na porta esperando. Meu caso e não me importei muito.
            O que eu achei meio sem graça é que como o casamento na prefeitura acontece antes, o noivo e a noiva se vêem antes também, na verdade acho que neste dia eles vieram no mesmo carro. Qual é a graça de colocar um vestidão branco e passar horas no salão se não tem efeito surpresa? Não tem, é assim na França, disse meu francês favorito. Muito sem graça!
            Depois, vai todo mundo a pé para a igreja, outra vez, o noivo e a noiva vão juntos, forma-se a fila na porta e todo mundo entra junto. Casamento em igreja é tudo a mesma coisa, lonnnngo. Gostei do canto basco que teve na cerimônia e o padre era um tanto quanto engraçado. Mas, lonnnnngo.
            Agora, o pior vem depois. Bom, na França os casamentos não são tão enormes como no Brasil. Quando há 90, 100 pessoas já é um casamento mega...então, era o caso, umas 90 pessoas. E tem a tradição da foto do grupo. Todos juntos na foto. (Imagina isso no Brasil)
E para isso, o fotógrafo monta um tipo de arquibancada desdobrável e com a cara nada sólida e manda todo mundo subir. E acabei no quarto andar morta de medo de cair. E durou 15 minutos a tal foto de grupo. Quando o fotógrafo dizia: “ meu senho de azul, abre o olho”... “minha senhora de amarelo, você não sorriu”...queria morrer, porque meu salto 10 não foi feito para arquibancadas meio suspeitas. Bom, a foto do grupo foi feita e depois, pobres noivos, foram mais 45 minutos de fotos para eles. Como alguém sorri por mais de uma hora, com convicção eu não sei.
            Depois disso, fomos todos a um Auberge. É um tipo de espaço-restaurante, com um jardim, um lago, legal mesmo. Começa uma apéro, alcool e aperitivos. Hummm, mais um redbull para mim... para segurar a onda da exaustão.

            Depois, vem o jantar. Isso eles sabem fazer os franceses, tenho que admitir, eles sabem comer hein. Festa, animação, eles não são profissionais  não, mas comer, eles sabem.

           


Jantar impecável. Entrada, prato, outro prato, salada e queijo e sobremesa. Vinho um, dois e champagne. Adorei uma coisa, aqui na França não tem bolo de casamento, é uma pièce monté. pode ser feita de profiteroles ou de macarons, hummm, bom hein, e bem lindo. 
Entre um prato e o outro, tinha um cara que era o animador da festa ... ele que cantava, colocava umas músicas, um horror. Diz que é assim na França, eu achei hilário. 



            Mas deu uma certa hora, entre o prato um e o prato dois, a fatiga corporal e mental me pegou e eu não tinha mais nenhuma latinha de redbull. Depois do jantar, começa o baile. Risos. Aí que eu não concordo, como pode todo mundo dançar depois de comer e beber tanto? Por volta das duas da manhã, eu já acordada a quase 24 horas, fui para meu hotel com meu chéri. 

            Foi divertido, mas longo. Prefiro os casamentos no Brasil, a gente sabe festejar bem mais. 


         



   No dia seguinte, aproveitando que estávamos em Bayonne, na ponta da Espanha, cruzamos a fronteira e fomos até Hondaribia. Cidadezinha pequena da costa basca espanhola. Lindinha. 








            
               E como um banho de mar acaba com qualquer problema, me joguei nas ondas e nadei demais....que delícia. Domingo de noite fomos jantar com os pais e a irmã do Max, bem bom, um vinho ótimo, comida maravilha, tudo de bom. 

Hondaribia, pais basco espanhol


           Segunda eu fiquei deitada o dia todo, até a hora de ir para o aeroporto, pegar meu vôo para Paris. E quando não, tempestade, vôo anulado. 
           Terror. Imagina, uma semana depois de começar a trabalhar no teatro, eu não chego na terça de manhã. Um certo pânico e então pensei, vou de trem de manhã, chego um pouco atrasada mas... não, nao chego nada. Greve geral na França. Greve contra as mudanças na aposentadoria francesa. Greve total, nada de avião, nada de trem, nada de nada, ninguém trabalha, apenas as lojas e estabelecimentos ligados à comida, que francês faz greve mas almoça na brasserie do mesmo modo. 
            Enfim, dormimos na casa da irmã do Max, e ficamos em Pau na terça, indo até a estação de trem a cada duas horas até que nos informaram que um único trem saía as 17 horas e então foi nesse que eu viajei. Lotado, parando em cada cidade pelo caminho mas...
Cheguei!
            Na quarta, com os papéis de anulação e greve em mãos, fui ao teatro e trabalhei, fui ao restaurante e trabalhei, e foi assim o resto da semana. Sábado passado foi meu último dia no restaurante e, mesmo se fica um clima de etapa cumprida, e que, o salário très bon do restaurante vai fazer falta, tem horas que menos grana e mais conforto é bem melhor.
            Não tenho dicas de Paris essa semana, porque fora o metrô e meus dois trabalhos não pude fazer muita coisa. Mas se alguém for ao país basco espanhol, Hondaribia é uma delícia e vale a pena visitar.
           
Boa semana para todos. Beijos nos queridos.

p.s. não vou colocar muitas fotos nesse blog não, algumas apenas, mas especialmente para minha mãe, que me pediu, te mando um link para você ver tudo.

2 comentários:

  1. Adorei tudo. Você está tão bonita. Parece-me feliz.
    E deve estar. Saudades, beijos.

    ResponderExcluir
  2. Oi Linda,

    Que"rotinão" heim? Só não entendi uma coisa: o que é aquilo que todos os homens tinham na cabeça no dia do casamentos??rsrsrsr
    Bjs

    ResponderExcluir